terça-feira, outubro 17, 2006

animação: Yakari


Há tempos tive uma sensação estranha ao ver televisão com a minha filha. Na 2: está a passar uns desenhos animados que me fizeram ir buscar as minhas mais afastadas recordações de quando era criança. Esses desenhos animados é Yakari, um índio criança, e, ao que parece, está a dar uma série recente dos bonecos. Eu já não me lembrava de tais desenhos animados! Tive de fazer um esforço para me recordar, à medida que ia vendo o episódio! E o cavalo! Eu acho que tinha um de borracha! Quem se lembra destes bonecos? O índio criança que fala com os animais, bondoso e com o cavalo preto e amarelo, de nome Minitrovão! Que saudades... e que sensação estranha :S

Yakari, além de desenhos animados, também é uma colecção de banda desenhada :)

Os leitores da minha idade ou mais velhos devem-se recordar de um simpático herói da Banda Desenhada franco-belga, obra de Derib e Job, de nome Yakari. Trata-se de um índiozinho sioux, corajoso e nobre. As histórias decorrem em cenários magníficos, onde a beleza natural é regra.


Yakari tem o dom de poder falar com os animais (será que o autor se inspirou no Siegried de Wagner que, após derrotar o dragão Fafner, engoliu uma gota do seu sangue, ficando a partir daí a compreender a linguagem dos pássaros?).
Dos mais de 30 álbuns editados, 11 foram em tempos traduzidos para português. Tenho andado a adquiri-los junto de um alfarrabista portuense especializado em BD. O meu filho mais velho tem um prazer enorme em que eu lhe conte as aventuras do gentil sioux.
Uma das aventuras, a número 7, "Yakari et l'étranger", é uma fábula sobre a dificuldade de aceitação de um elemento estranho a uma comunidade, no caso um pelicano terrivelmente constipado, que dá espirros sonoríssimos, pondo os nervos em franja aos nativos...

Só o jovem Yakari o vai apoiar, ajudando-o a curar-se da doença e a arranjar-lhe alimento. Até aqui parece que estamos na presença de mais um exemplo de literatura juvenil "bem pensante", cheia de boas intenções humanitárias. E até certo ponto é verdade; mas o final da história acaba por ser exemplar noutro sentido: curado, o pelicano decide-se a retribuir a ajuda dos castores e lontras, ganhando a sua afeição. Eis senão quando chegam os seus amigos pelicanos para o levar de volta para a sua terra; o que acabam por fazer, pois apesar de finalmente ser bem acolhido, aquele não era o meio dele.
Gostei sinceramente da conclusão, não se enchendo a cabeça dos miúdos com utopias perniciosas mas mostrando que todos têm o seu espaço... no seu espaço.

in Santos da Casa: O Estrangeiro

Mais uma vez de pode ver que antigamente as animações eram criadas com a mensagem de grandes valores.

2 comentários:

  1. Lembro-me perfeitamente de ver esta série aos Sábados de manhã, na mesma altura em que dava "O Jornalinho".

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  2. ouve...ao ler as tuas palavras, tive um dejá vu!!! É que foi precisamente o mesmo que eu pensei quando vi os desenhos animados no outro dia na 2:!!! :D

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